
Morre Cândido Alberto da Fonseca, cineasta que documentou a cultura de MS
Publicado em 23/04/2025 14:07
O cineasta sul-mato-grossense Cândido Alberto da Fonseca morreu, aos 71 anos, nesta quarta-feira (23), por volta do meio-dia. A informação foi confirmada pela irmã, Márcia Fonseca. Ainda não há detalhes sobre os trâmites funerários nem as circunstâncias exatas da morte, mas apuração feita pela reportagem indica que Cândido foi submetido a uma cirurgia, teve complicações no quadro clínico e precisou ser entubado.
O Fórum de Cultura de Campo Grande-MS (FCCG) também confirmou a morte em uma postagem. "É com profundo pesar que comunicamos a partida do nosso companheiro, o cineasta, Cândido Alberto da Fonseca. Grande artista e profundo militante pelas políticas culturais, sobretudo em Campo Grande, uma figura ímpar para este Fórum. Cândido, agradecemos por tudo, pela bravura, pela força, pela contribuição. Adelante, hermano!", disse a mensagem.
Servidor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Cândido era um dos principais nomes do audiovisual do Estado. Ao longo da carreira, se destacou pela produção de documentários que registraram de forma sensível e detalhada personagens.

Legado em filme - Entre suas obras mais conhecidas está o curta-metragem Conceição dos Bugres (1980), considerado um dos registros mais valiosos sobre a artista homônima. O filme, rodado em 35 mm na casa da escultora em Campo Grande, traz imagens raras da criação dos “bugrinhos” e hoje integra o acervo da Fundação Estadual de Cultura, com processo em curso para ser reconhecido como patrimônio cultural do Estado.
Outro destaque é Silvino Jacques – Itinerário de um Matador, documentário sobre uma figura histórica do início do século XX. A produção enfrentou perdas materiais, como o desaparecimento temporário dos negativos, recuperados apenas com apoio da Cinemateca Brasileira.

Cultura e universidade - Cândido Alberto da Fonseca também teve papel importante na articulação cultural e acadêmica do Estado. Foi um dos criadores do projeto Prata da Casa, idealizado após a federalização da antiga Universidade Estadual de Mato Grosso (UEMT), que se tornou UFMS em 1979. O projeto revelou nomes como Almir Sater e Guilherme Rondon.
Natural do Rio de Janeiro, Cândido mudou-se para Campo Grande a convite de José Octávio Guizzo, então uma das maiores referências da cultura local. Ao longo de sua trajetória, colaborou com diversos artistas e instituições, sempre com foco na valorização da produção cultural sul-mato-grossense.
Registro da memória regional - Com uma filmografia marcada pela atenção aos detalhes e pela valorização das histórias regionais, Cândido deixa uma contribuição incontornável para a cultura do Estado. Seus filmes continuam sendo referência para estudiosos, artistas e gestores culturais que buscam compreender a formação da identidade de Mato Grosso do Sul.