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Rito do Lava-Pés leva esperança a comunidade indígena esquecida

Publicado em 17/04/2025 19:50

### Início: Uma Celebração de Fé e Solidariedade

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Na tarde de quinta-feira (17), a Aldeia Água Funda, localizada no extremo noroeste de Campo Grande, foi palco de um momento especial de união e fé. Freis franciscanos e Irmãs Lauritas celebraram o rito do Lava-Pés com 92 famílias indígenas da etnia Terena. A cerimônia, que faz parte da tradição católica da Quinta-Feira Santa, simboliza humildade e acolhimento, e foi uma oportunidade para a Igreja se aproximar de uma comunidade em situação de vulnerabilidade.

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A Aldeia Água Funda, situada em uma rua homônima, é uma área ocupada e não reconhecida pelo poder público. Os moradores vivem em condições precárias, com barracos de lona e ruas alagadas, especialmente após um dia de chuva intensa. A cerimônia foi realizada sob uma tenda branca montada sobre tábuas de madeira, em meio a esse cenário desafiador. O altar, improvisado para evitar o alagamento, foi um símbolo da resiliência e da fé da comunidade.

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### Desenvolvimento: Desafios e Esperanças

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A Aldeia Água Funda enfrenta desafios significativos. Localizada em uma área sem infraestrutura, os moradores não têm acesso a ônibus ou serviços de transporte por aplicativo. Além disso, a escola mais próxima está a 5 km de distância, dificultando o acesso à educação. A professora Darleiene Pinto, 32 anos, que trabalha com ações de reafirmação cultural na comunidade, ressaltou a importância da celebração para manter a fé e o pertencimento. "A comunidade é carente de ações que venham até nós. E também temos dificuldade de participar de atividades da igreja pela condição das ruas e pelo deslocamento", explicou.

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O cacique Ivaneis Moreira, de 50 anos, destacou o valor da manutenção da religiosidade como força de união para a comunidade. "Essa celebração é uma forma de nos lembrarmos de nossas raízes e de nossa fé, mesmo em meio a tantos desafios", afirmou. A irmã Elza Aules Chinchero, 48 anos, do povo Quitu, no Equador, atua há nove anos na cidade e enfatizou que "essa é uma forma da Igreja enxergar a situação dos povos indígenas na área urbana de Campo Grande".

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### Conclusão: Uma Missão de Defesa dos Direitos Indígenas

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A missão na Aldeia Água Funda foi organizada pelas Irmãs Lauritas, que agora passam a função para os freis franciscanos. A irmã Elza ressaltou que é preciso mais do que ações culturais pontuais: "É preciso valorização da ancestralidade e reconhecimento real dessas pessoas". O arcebispo Dom Dimas Lara Barbosa, presente no evento, afirmou que ainda não conhecia a Aldeia Água Funda e que comunidades indígenas urbanas e não reconhecidas "vivem em condições semelhantes às das favelas, o que exige da Igreja e do poder público um esforço maior para garantir direitos básicos".

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O frei Wagner, responsável pela Pastoral Indigenista a partir deste ano, lembrou que há 25 comunidades indígenas em Campo Grande. "Essa celebração acontece simultaneamente em outras três comunidades da região. É a forma da Igreja estar presente e atuante na defesa dos direitos indígenas, principalmente os que vivem em áreas urbanas e sem reconhecimento", afirmou.

A celebração do Lava-Pés na Aldeia Água Funda foi mais do que um ritual religioso. Foi um momento de solidariedade, de reconhecimento e de esperança para uma comunidade que luta diariamente por seus direitos e por uma vida digna.

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