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Família acusa Imol de série de falhas que fez idoso ser enterrado como indigente

Publicado em 02/05/2025 10:32

Após esperar mais de cinco meses pelo resultado de um exame de DNA, parentes de Marques Ribeiro Gomes, de 66 anos, foram surpreendidos ao descobrir que o corpo do idoso já havia sido enterrado como indigente. A família agora responsabiliza o Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) por uma série de falhas no processo de identificação.

Família acusa Instituto Médico Legal de negligência após idoso ser enterrado como indigente em Campo Grande. Marques Ribeiro Gomes, de 66 anos, morreu em incêndio em agosto de 2023 e, apesar da família ter fornecido material genético para identificação, o corpo foi enterrado como indigente em dezembro. Irmãs da vítima afirmam que acompanharam o processo no IML e só obtiveram o laudo de DNA após recorrer à Justiça. Descobriram o sepultamento indevido ao tentar providenciar o enterro. A família alega que o IML não as informou sobre o enterro, mesmo com visitas frequentes ao órgão. Marques contribuía com um plano funerário há 30 anos. A família busca agora exumar o corpo, mas precisa aguardar cinco anos, conforme a legislação. Uma reunião com o IML está agendada para esclarecer o caso.

O caso teve início na noite de 21 de agosto do ano passado, quando um incêndio destruiu completamente um imóvel no Núcleo Industrial de Campo Grande. No local funcionava um pequeno comércio de bebidas que também servia de residência para o proprietário. Após o combate às chamas, o Corpo de Bombeiros localizou Marques carbonizado na cozinha. A suspeita inicial era de que se tratava do dono do imóvel, mas a identificação oficial dependia de exame genético, já que o corpo estava irreconhecível.

Desde então, a família iniciou uma longa batalha para confirmar a identidade da vítima. Segundo a irmã do idoso, Aparecida Ribeiro Gomes, de 48 anos, ela e outra irmã forneceram material genético ao Imol no dia seguinte a morte, mas o resultado do exame demorou mais de cinco meses para ser entregue.

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“Fomos ao Imol diversas vezes. Acompanhamos todo o processo. Só conseguimos o laudo depois de entrar na Justiça, e ele só foi liberado em dezembro. Quando levamos os documentos para providenciar o enterro, descobrimos que meu irmão já havia sido enterrado como indigente, no dia 28 de dezembro”, contou Aparecida ao .

A situação se tornou ainda mais revoltante para a família ao descobrirem que Marques havia contribuído com um plano funerário por mais de 30 anos, justamente para garantir um sepultamento digno. “Ele era trabalhador, tinha família e pagava para ser enterrado com respeito. Jogaram ele em uma área do cemitério chamada ‘lugar dos excluídos’. Isso é desumano”, desabafou a irmã.

O corpo do idoso foi sepultado no Cemitério Cruzeiro sem o conhecimento da família. Para realizar a exumação e transferi-lo para outro local, os familiares precisarão entrar com nova ação judicial e aguardar o prazo legal de cinco anos, segundo informado pela administração do cemitério.

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A família acusa o Imol de negligência por não informar que o corpo seria enterrado, mesmo após a coleta de DNA e visitas frequentes das irmãs ao órgão. “Eles dizem que não encontraram a família, mas estivemos lá o tempo todo. Cometeram um erro gravíssimo e precisam se responsabilizar por isso”, afirma Aparecida.

Uma reunião com representantes do Imol está marcada para a próxima segunda-feira (5), às 10h, na tentativa de esclarecer os erros no processo.

O entrou em contato com a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) para obter um posicionamento sobre a denúncia, mas, até a publicação desta reportagem, não houve retorno ao e-mail e à mensagem enviada via WhatsApp.

Incêndio - Na noite do incêndio, vizinhos relataram ter visto Marques na frente do imóvel pouco antes das chamas começarem. Uma testemunha afirmou ter visto um homem chamando os bombeiros, mas a identidade dele nunca foi confirmada. O corpo da vítima foi encontrado no cômodo onde o fogo se concentrou, próximo a um fogão e a um botijão de gás. A polícia e a perícia estiveram no local, e a investigação inicial apontou que apenas o exame de DNA poderia confirmar a identidade da vítima.

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