
Ninguém vê, mas todo dia trabalho de síndico é provar que é honesto
Publicado em 01/05/2025 07:48
### Início: Conhecendo o Trabalho do Síndico
Quem nunca ouviu a frase "chama o síndico"? Se você já morou em um condomínio, certamente já se deparou com essa situação. O papel do síndico vai muito além do que muitos imaginam. Além de uma lista extensa de responsabilidades, esses profissionais enfrentam o desafio de mudar a imagem negativa que alguns têm sobre eles. Muitos ainda acreditam que os síndicos são ladrões, "furtando" o dinheiro dos moradores. No entanto, a realidade é bem diferente.
No Dia do Trabalhador, decidimos dar voz a alguns síndicos para compartilharem suas histórias, desafios e enviarem uma mensagem especial para os condôminos. Eles nos contaram que, além de lidar com questões financeiras, que hoje são mais transparentes graças às administradoras, o maior desafio é manter um bom relacionamento com os moradores.
### Desenvolvimento: Histórias e Desafios dos Síndicos

#### Alessandra Rocha Brito: A Síndica que Saiu da Faxina
Alessandra Rocha Brito, 54 anos, é a síndica de um pequeno residencial próximo à UCDB. Ela começou como diarista e, após anos de dedicação, assumiu o cargo de síndica. Para ela, a questão da confiança financeira não é um problema, já que os moradores a conhecem bem e confiam em seu trabalho.
"Eu comecei como diarista, limpando, e as pessoas foram me conhecendo. Depois, fui subsíndica e, agora, síndica. Sempre priorizamos a transparência nas finanças. Faz 7 anos que moro aqui e, para mim, o maior desafio é lidar com as reclamações sobre o uso de maconha. Foi uma batalha difícil, mas conseguimos resolver."

Alessandra também destaca que o trabalho de síndico envolve muitas funções que nem sempre são visíveis. "Tudo é caro e, como o condomínio é pequeno, temos que pechinchar tudo. Além disso, sou síndica, zeladora, diarista... sou um 'Severino', sempre à disposição."
#### Paula Belchior: A Professora que Virou Síndica
Paula Belchior, 49 anos, é professora e já foi síndica por 7 anos. Ela acredita que a parte mais complicada do trabalho é lidar com os moradores, fazendo-os entender que vivem em um local com regras de convívio. "O seu direito termina onde começa o direito do outro. Muitos moradores querem se comprometer apenas com o que lhes interessa, como a academia ou a área infantil. As outras demandas do condomínio não interessam, e isso é muito ruim."
Paula conta que, durante sua gestão, enfrentou vários problemas com a construtora e com moradores que não aceitavam multas. "Eles acham que são perseguidos ou que a administração inventa regras. Mas temos um regimento que foi debatido e votado por todos. É complicado lidar com essa situação."

Uma das histórias mais marcantes para Paula foi um barulho misterioso que intrigou os moradores por dois meses. "No final, era uma máquina de lavar encostada na parede, potencializando o som. Os moradores ficaram preocupados, achando que era um vazamento ou até um desabamento."
#### Weila Castro Escobar: A Síndica que Enfrentou Ameaças
Weila Castro Escobar é a síndica de um condomínio no bairro Jardim Seminário, com mais de 1.400 pessoas. Ela conta que já foi ameaçada de morte e ouviu que a responsabilidade de pegar as fezes dos animais era dela. "Foi um período difícil. Tive que me ausentar da minha própria casa por medo. Cada tutor deveria catar a sujeira do seu pet, mas exigir que o síndico faça isso é demais."

Weila também enfrentou problemas com o uso de entorpecentes. "Os moradores acham que é função do síndico apagar o cigarro de maconha do vizinho. Não importa o que faça, nunca é suficiente. Mediar desentendimentos, lidar com reclamações e garantir o cumprimento das regras exige paciência, tato e habilidades de comunicação."
### Conclusão: Uma Mensagem aos Moradores
Apesar de todos os desafios, os síndicos destacam que o trabalho pode ser prazeroso quando há compreensão e valorização. "Muitos síndicos vivem da função 24 horas por dia, sobrepõem a gestão condominial acima de suas próprias vidas", comenta Weila.
Paula acrescenta: "No caso do síndico orgânico, é um morador que se dispôs a ficar à frente do condomínio. O que falta muitas vezes é o morador ter um olhar de compreensão, de empatia. É não ver o síndico como uma pessoa que está ali apenas para resolver problemas, independente do horário ou do dia."
Então, neste Dia do Trabalhador, que tal valorizarmos mais os nossos síndicos? Eles merecem reconhecimento pelo trabalho árduo e dedicado que realizam todos os dias.