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Quebra de sigilo comprova perseguição e cárcere de Caio contra Vanessa

Publicado em 30/04/2025 19:48

### Início: O Caso Trágico de Vanessa Ricarte

Em uma história que choca e entristece, o caso de Vanessa Ricarte, uma jornalista assassinada em 12 de fevereiro, revela uma trama de controle e violência que se desenrolou ao longo de meses. A quebra de sigilo telemático, autorizada pela Justiça, trouxe à luz mensagens de texto e áudio que comprovam a perseguição e o cárcere privado imposto por Caio César Nascimento Pereira, o músico responsável pelo crime. A análise do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) desvenda uma narrativa sombria de abuso e controle. Através de uma investigação meticulosa, ficou claro que Caio César Nascimento Pereira, seu assassino, a manteve em cárcere privado, uma situação que se desenrolou em segredo, até o momento fatídico. A promotora Ana Lara Camargo de Castro, coordenadora Ana Lara Camargo de Castro, coordenadora do Gaeco.

### Desenvolvimento: A Escalada da Violência

O relatório do Gaeco, com suas 47 páginas, descreve em detalhes a "bolha de amor" que Caio criou no início do relacionamento, entre setembro e outubro do ano passado. Nesse período, ele era carinhoso e educado, conquistando Vanessa com palavras doces. No entanto, essa fase de amor e respeito foi efêmera. Em dezembro, eles ficaram noivos, mas a partir de janeiro de 2025, o cenário começou a mudar drasticamente.

Caio entrou em um ciclo vicioso de más atitudes seguidas de pedidos de arrependimento. Em 23 de janeiro, por exemplo, ele prometeu mudar seu comportamento após agressões verbais. "Obrigado por apostar em mim. Quero ser um homem bom para você. Me perdoe por ter sido um escroto! Você é uma mulher incrível que Deus colocou na minha vida. Eu amo você! Vou melhorar meu comportamento", disse ele em uma mensagem. No dia seguinte, no entanto, ele já estava cobrando explicações sobre pessoas que apareciam como sugestões de amizade nas redes sociais de Vanessa, indicando que estava monitorando ativamente suas atividades online. "Tal conduta revela indícios de que as mídias sociais de Vanessa estavam sendo ativamente monitoradas por Caio", avalia o relatório. Ele exigia explicações sobre quem ela interagia e controlava até mesmo sua localização enquanto ela trabalhava no MPT/MS (Ministério Público do Trabalho). Vanessa, em um gesto de submissão, enviava sua localização em tempo real, fotos e até fazia ligações em vídeo para comprovar sua inocência.

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Em fevereiro, as mensagens revelam que Caio passou a controlar ainda mais a vida da jornalista, pedindo que ela evitasse comentar sobre qualquer assunto pessoal ou familiar, isolando-a socialmente. Ele a orientava a não usar a intranet e a falar apenas sobre assuntos profissionais, demonstrando um controle obsessivo. Em 7 de fevereiro, cinco dias antes do assassinato, ele começou a enviar mensagens insistentes, acusando-a de ignorá-lo e exigindo que ela saísse do trabalho para vê-lo "urgentemente, às fases de um ciclo de violência, alternando atitudes agressivas com demonstrações de arrependimento e afeto", diz o relatório.

### Conclusão: O Feminicídio e suas Raízes

O estopim ocorreu em 11 de fevereiro, quando Caio manipulou redes sociais e imagens para denegrir Vanessa, publicando fotos dela nua e com hematomas em um site pornográfico e em sua página no Instagram. Ele a acusou de ser atriz pornô desde os 19 anos, mas a investigação descobriu que as fotos foram tiradas e postadas por ele mesmo. "Não há qualquer dúvida que os fatos referentes aos crimes de perseguição e de violação da intimidade ocorreram em concurso material com o crime de violência psicológica", afirma o relatório.

Vanessa, finalmente, procurou a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) para denunciar Caio e tentar tirá-lo de sua casa. Ela relatou a uma amiga o "show de horrores" que vivia. "Então eu consegui tirar meus computadores, tirei meu celular. Fui mantida em cárcere privado ontem, foi assim um festival de horrores. O cara me chamou de atriz pornô desde 19 anos."

O feminicídio de Vanessa Ricarte não foi um ato isolado, mas sim a escalada fatal de um crime de perseguição. A habilidade de Caio em monitorar eletronicamente Vanessa demonstra que o crime não foi descontextualizado ou desesperado, mas sim o resultado de uma masculinidade fundada em sexismo e machismo estruturais. "Primeiro, a habilidade nas técnicas de monitoramento eletrônico que CAIO CÉSAR NASCIMENTO PEREIRA empregava demonstraram que o feminicídio não foi ato isolado, descontextualizado ou desesperado de um drogadito fora de si, mas, sim, a escalada fatal do crime de perseguição, diante da incapacidade de lidar com a frustração e com a hipótese da perda do seu objeto de controle, desdobramento bastante característico de um modelo de masculinidade fundado em sexismo e machismo estruturais, o qual aparentemente superado pelos novos arranjos de relações contemporâneas, em realidade não se supera face as persistentes desigualdades nas relações de gênero."

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