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Réu que esfaqueou taxista 38 vezes em Portugal enfrenta novo julgamento em MS

Publicado em 29/04/2025 10:59

Onze anos após esfaquear 38 vezes até a morte um taxista em Portugal, Weslley Ribeiro Primo passa pelo segundo júri popular em Campo Grande nesta terça-feira (29). Em 2017, ele foi absolvido pelo conselho de sentença, que considerou que o réu agiu em legítima defesa. Em janeiro de 2025, o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou a absolvição e marcar novo julgamento, por considerar a decisão do júri contrária às provas dos autos.

Em Campo Grande, Weslley Ribeiro Primo enfrenta seu segundo júri popular pelo assassinato de um taxista em Portugal, ocorrido em 2014. Acusado de esfaquear a vítima 38 vezes, Primo foi absolvido em 2017 por legítima defesa, mas o Supremo Tribunal Federal anulou a decisão em 2025, determinando novo julgamento. Residente no Pará, Primo viajou para a capital sul-mato-grossense para o julgamento. O crime ocorreu em Lisboa, onde o réu residia, mas ele fugiu para o Brasil após o ocorrido. Primo alega ter agido em legítima defesa após sofrer assédio sexual da vítima. A promotoria contesta a versão, apontando a violência dos golpes e a presença de sêmen na vítima. O júri, sem testemunhas presenciais, baseia-se no depoimento do réu e nas provas periciais. A defesa argumenta que o excesso de golpes decorreu da luta corporal. O julgamento, realizado no Brasil por cooperação internacional e dificuldades na extradição, definirá o futuro de Weslley Ribeiro Primo.

Na sexta-feira (25), Weslley Ribeiro Primo viajou 12 horas para chegar do Pará, onde mora com esposa e filhos, e ser julgado em Campo Grande pela segunda vez. Ele é acusado de matar cruelmente Virgílio da Silva Cabral, taxista de 66 anos, no dia 4 de maio de 2014, em Lisboa, onde morava desde os 9 anos.

O júri acontece aqui em Campo Grande porque, ainda em 2014, Weslley deixou o país europeu e voltou para o local onde nasceu, no Bairro Aero Rancho, onde foi preso em 27 de julho de 2015. Na manhã de hoje, familiares do réu que ainda residem na Capital e estudantes de Direito acompanharam o julgamento no Fórum de Campo Grande.

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Como nenhuma das partes arrolou testemunhas, o julgamento começou pelo depoimento do réu. Ao juiz Carlos Alberto Garcete, Weslley Ribeiro Primo reiterou a tese apresentada desde 2017: de que matou por legítima defesa. “Eu agi para me defender, só queria sair dali. Não pensei em tirar a vida dele, não agi com crueldade. Eu só queria sair de lá, mais nada”. O Ministério Público pede condenação pelo crime de homicídio culposo qualificado por meio cruel. Ainda nesta terça-feira (29), os jurados ouvirão as teses defendidas pela defesa e pela acusação, para decidir se Weslley Ribeiro Primo deve ser absolvido ou condenado

A vítima era taxista, que costumava fazer corridas com Weslly, seus amigos e familiares. Assim, eles desenvolveram uma relação de amizade. Segundo o acusado, Virgílio insistiu para que fossem juntos a uma balada naquela noite. Contudo, antes da festa, a vítima disse que precisaria passar em casa para trocar de roupa.

“Eu me sentei no sofá, ele fechou a porta, pegou vinho e veio para o meu lado com a braguilha aberta e passando a mão na minha perna. Eu falei que não queria e fui em direção à porta, mas estava trancada. Ele falou que iria pegar a chave, mas veio com uma faca na mão dizendo que ia ter relação sexual comigo. Pegou no meu pescoço, me enforcando, e me cutucando com a faca”, afirma o réu.

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Weslley Primo alega que as 38 facadas foram desferidas durante luta corporal com Virgílio da Silva Cabral. “Foram tantos golpes porque estávamos nos batendo e ele era mais forte e mais pesado que eu. Eu tentava tirar ele de cima e a faca pegava nele e em mim. Nós caímos um em cima do outro, o peso fazia pressão”.

O idoso foi atingido no couro cabeludo, face, pescoço, tórax, abdômen e ombro direito e acabou com ferimentos na medula vertebral, veia jugular e artéria subclavicular, o que o levou à morte. A Promotora de Justiça Lívia Carla Guadanhim Bariani destacou que os peritos de Portugal encontraram sêmen na cueca e no ânus da vítima. O réu nega qualquer atividade sexual.

Quando percebeu que Virgílio já não tinha forças para levantar, Weslley relata que pegou um cobertor para cobrir a vítima, que reclamava de frio, e foi embora. “Enrolei a faca numa toalha, joguei na beira de um rio e fui para casa. Troquei de roupa e joguei as peças ensanguentadas no lixo”. O acusado afirma ainda que não procurou a polícia portuguesa porque teve medo e decidiu viajar a Campo Grande pelo mesmo motivo.

Imbróglio judicial - Em 2017, o caso foi julgado na Capital em processo inédito de cooperação internacional. À época, todas as oitivas foram feitas em Portugal, por meio de vídeo conferência. Hoje, nenhuma testemunha foi convocada. O júri foi feito no Brasil principalmente por dois fatores: a compatibilidade entre os dois códigos penais e problemas da Justiça portuguesa em conseguir um acordo a extradição do acusado.

A absolvição, determinada pelos jurados, foi anulada pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e o caso foi parar, então, no STF. Foram muitos recursos à Corte até que, em 08 de janeiro de 2025, o STF negou habeas corpus impetrado pela defesa, fazendo com que prevalecesse a decisão de anulação do júri de 2017. A Corte julgou que a decisão tomada pelo júri campocontrária às provas dos autos.

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