
Com faixa debochada, futuros médicos enaltecem privilégio de ricos
Publicado em 02/05/2025 17:09
Com uma faixa provocativa, acadêmicos de uma faculdade particular de Campo Grande alfinetaram estudantes de universidades públicas durante o Intermed Pantanal, que acontece em Cuiabá (MT). O evento reúne alunos de Medicina de instituições de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para dias de competição esportiva e festas. O caso chegou ao pelo canal Direto das Ruas.
Acadêmicos de medicina de faculdades particulares provocaram estudantes de universidades públicas com uma faixa durante o Intermed Pantanal, evento esportivo e festivo em Cuiabá (MT). A mensagem, que incitou debates sobre elitismo, dizia: "Trabalhe muito para que, talvez, seu filho tenha, quem sabe um dia, a vida que eu tenho". A provocação, direcionada à UFMS, intensifica desavenças entre estudantes de instituições públicas e privadas. A faixa, exibida em jogos e festas, gerou críticas por reforçar estereótipos de privilégio e ostentação associados aos estudantes de medicina. Enquanto alguns defendem a mensagem como uma brincadeira interna, outros a consideram ofensiva e de mau gosto.
Organizado pela atlética de Medicina da Unic (Universidade de Cuiabá), o encontro conta com disputas de vôlei, futsal, handebol, tênis, basquete, entre outros esportes. À noite, a programação se transforma em festas com música eletrônica.
A polêmica começou com a exibição de uma faixa com as cores da atlética Hematoma, da Uniderp, dizendo: “Trabalhe muito para que, talvez, seu filho tenha, quem sabe um dia, a vida que eu tenho.”
Essa mensagem teria sido direcionada aos estudantes da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), durante a partida de basquete que disputaram. Para uma aluna da Uniderp, que preferiu não se identificar, o tom da provocação ultrapassou o limite do aceitável.
“É engraçado entre eles, mas nojenta pra quem tá de fora. Passa uma ideia de elitismo babaca, que reforça a imagem de que estudantes de Medicina vivem numa bolha. Se fosse parte de um quadro de humor, num personagem de playboy, funcionaria como crítica social. Mas vindo de uma atlética real, parece só um bando de riquinho se achando”, disse ao .
Do lado dos que foram alvo do deboche, a crítica segue na mesma linha. “Essa faixa é daquelas que mistura deboche, ostentação e ironia — bem no estilo ‘rico zoando pobre’ com uma camada de humor. O problema é: ela passa fácil do ponto e cai no elitismo escroto, principalmente vindo de uma atlética de Medicina, que já carrega uma imagem de privilégio”, afirmou um estudante da rede pública.
Segundo o diretor do grupo estudantil da Uniderp, Gabriel Trindade, a faixa foi feita pela torcida organizada e sem a ciência da Hematoma. Também que essas provocações sempre acontecem dentro da rivalidade entre as faculdades federais e particulares.
"Eles disseram que fizeram a faixa em resposta as musicas que as faculdades federais cantam pra gente nos chamando de burro, diminuindo e menosprezando por fazermos uma faculdade particular. Muitos fazem placas com 'boletos impressos' para provocar as faculdades particulares e etc. Reitero não é uma resposta a bandeira e nem direta para a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)", garante Gabriel.
O evento teve início nesta sexta-feira (2) e segue até o domingo (4). A faixa permanece exposta e visível nas competições realizadas nas quadras.
Bandeira queimada - Em março, integrantes da Atlética Pintada de Medicina da UFMS provocaram polêmica ao queimar a bandeira da Bateria Hematoma, grupo rival da Uniderp, durante recepção de calouros. O ato foi filmado e viralizou nas redes sociais.
A bandeira havia sido furtada durante o último Intermed, competição universitária de medicina. A Bateria Hematoma publicou nota de repúdio e informou que já havia registrado boletim de ocorrência pelo furto. Além disso, o grupo anunciou que vai protocolar denúncia no Conselho Regional de Medicina e acionar judicialmente os envolvidos nas esferas civil e criminal.
A diretoria da Atlética da Uniderp afirmou que o caso ultrapassou a rivalidade esportiva e entrou na esfera criminal. A UFMS e a Atlética Pintada de Medicina foram procuradas, mas não se manifestaram sobre o incidente