Entenda o conclave e quando começa a escolha para o novo papa

### Início: Uma Era de Liderança e Simplicidade

Francisco, o papa que se tornou um símbolo de causas sociais e gestos simples, partiu aos 88 anos, deixando um legado de 12 anos de liderança para mais de um bilhão de fiéis. Sua presença foi marcada por uma conexão profunda com as pessoas, sempre buscando aproximar a Igreja das necessidades do mundo moderno. Agora, com sua partida, o Vaticano entra em um período especial conhecido como Sé Vacante, um tempo de reflexão e preparação para a escolha de um novo líder espiritual.

### Desenvolvimento: O Processo de Transição e Eleição

A escolha do novo papa não é como uma eleição comum. Não há palanques, promessas ou campanhas publicitárias. Trata-se de um processo íntimo e sagrado, realizado atrás de portas fechadas, em um ambiente carregado de história, fé e tradição. Tudo começa entre 15 e 20 dias após a morte do pontífice, período necessário para o luto e os ritos que dão adeus ao líder que partiu. Durante nove dias, são realizadas missas e orações especiais, conhecidas como novendiales, para honrar a memória do papa Francisco.

Enquanto o mundo católico se prepara para a escolha do novo pontífice, o Vaticano é administrado por uma figura especial: o camerlengo. Atualmente, essa responsabilidade está nas mãos do cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell. Ele tem a tarefa de atestar a morte do papa, cuidar dos bens da Santa Sé e manter o funcionamento da máquina administrativa, como um zelador da fé até que um novo pontífice seja eleito.

Mas o poder maior, nesse intervalo sagrado, está nas mãos do Colégio dos Cardeais. São 252 religiosos espalhados pelo mundo, e 138 deles – todos com menos de 80 anos – têm direito a voto. Entre eles, sete são brasileiros. Antes da votação começar, os cardeais participam das chamadas Congregações Gerais, onde discutem e decidem, em conjunto, desde os detalhes do funeral até o dia em que se trancarão para a escolha mais importante de suas vidas.

É nesse momento que entra em cena o Conclave, termo que vem do latim cum clavis, "com chave". Os cardeais literalmente se fecham no Vaticano, sem acesso a telefone, jornais ou redes sociais. O mundo lá fora deixa de existir. Eles juram segredo absoluto e vivem por dias, às vezes semanas, sob o teto da Capela Sistina. Ali, votam até quatro vezes por dia: dois votos pela manhã e dois à tarde. Os papéis são queimados após a contagem. Se a fumaça que sobe pela chaminé for preta, ainda não temos papa. Se for branca, é sinal de que o escolhido disse "sim" – e a Praça de São Pedro se transforma em festa.

Para ser eleito, um cardeal precisa conquistar dois terços dos votos. Se a decisão se arrasta por dias, há pausas para oração, reflexão e, se for o caso, um segundo turno entre os dois mais votados. Mas mesmo assim, só um deles pode subir ao trono de Pedro com a bênção da maioria.

### Conclusão: A Revelação do Novo Papa

Quando finalmente um nome é escolhido, ele é levado à chamada Sala das Lágrimas. Ali, sozinho, veste pela primeira vez o traje papal. E então, atravessa a Basílica de São Pedro e surge na sacada para o mundo ouvir: "Habemus Papam" – "Temos um Papa". É um momento de grande emoção e expectativa, que marca o início de uma nova era para a Igreja Católica.

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