
Nilda se aposentou da UFMS com festa surpresa e fila de abraços
Publicado em 10/04/2025 06:40
Nilda Rodrigues da Silva Moreira, não queria, mas a aposentadoria chegou e com direito a surpresa dos inúmeros amigos que ela colecionou ao longo dos 53 anos de serviço público. A funcionária não largou o osso e quase foi “expulsa” do cargo por tempo de serviço. O adeus da Pró-Reitoria de Graduação da UFMS aconteceu apenas uma semana antes da data limite para Nilda ser ‘convidada’ a dar entrada no que ela chama de “férias". A funcionária é a mais antiga da universidade.

Descrita como mãe e professora dos colegas, a surpresa reuniu quem fez parte desde o início e quem chegou depois. Aos 74 anos, prestes a fazer 75, Nilda abraçou com carinhos as quase 40 pessoas que fizeram fila para dar tchau à amiga.

Feliz com o descanso e triste por deixar o grupo que fez parte da vida durante tanto tempo, a técnica em administração conta que fez do trabalho uma segunda casa e que conquistou amigos para uma vida inteira.

“Eu entrei lá com 21 anos, solteira, depois me casei, criei meus filhos. Eu vou sentir muita falta de lá. Estou muito feliz de ter chegado até aqui, mas eu gostaria de poder ficar mais é um amor pelo que faço. Pra mim é muito bom ajudar com o pessoal, movimentar na cabeça. Por enquanto vou descansar e fazer os cursos da universidade de inglês, espanhol. Vou lá visitar eles um pouco. Era um setor muito agitado, mas isso eu gostava. Eu trabalhei até ontem. Eu estou pensando que estou de férias, até minha ficha cair que eu estou aposentada”.

Quando Nilda entrou na universidade ela ainda era chamada de Universidade Estadual de Mato Grosso, em 1971. A trajetória começou por Três Lagoas e depois chegou à Capital. “Vim para a Secretaria de Controle Escolar, que na época chamava de Divisão de Controle Escolar. Fazia tudo com amor”.

Quem estava à frente da surpresa era a amiga Regina Mota, tecnóloga em logística pública. Ela disputa o cargo de caçula de Nilda com Flaviana Miranda. O posto seria de Regina, que chegou por último, mas Flaviana não perdeu o título.

“São 53 anos de serviço público e ela é exemplar, muito competente, atenciosa com todo mundo. Eu entrei no serviço público em 2010. Então fui para outros órgãos, passei em outras coisas e quando voltei, corri para trabalhar com a Nilda. A gente parece família. Acho que Nilda é mais conhecida que o reitor. É basicamente um patrimônio. A gente pode falar que ela é muito mãezona de todo mundo. A gente vai sentir muita falta”.

Para a amiga Nilda todo ano falava que iria se aposentar, mas prorrogou a decisão. “Ela disse assim: ‘eu não vou ser expulsa, vou pedir antes e pediu faltando uma semana. Com 75 anos, que ela faz dia 16 de abril, iria ser convidada a se aposentar”.

A filha, Jaqueline Moreira da Silva Jurado, 38 anos, comenta que a mãe iniciou a carreira sendo telefonista. “Ela nunca deixou de trabalhar, gosta muito da instituição, então sempre que não tinha com quem nos deixar, ela levava eu e meu irmão para dentro da universidade. A gente cresceu na piscina da UFMS, na bibliotequinha, na quadra. Todo mundo cuidando da gente lá para ela poder trabalhar”.

Hoje a filha exerce a mesma profissão da mãe e conta que viu Nilda ser amada pelos colegas de trabalho por anos.

“Eu tive uma vida vendo a minha mãe ganhar presentes de fim de ano para agradecer dela ter feito o serviço dela. Eu me sinto muito orgulhosa desse desfecho, dessa história linda. Para a gente essa aposentadoria é muito aguardada, faz muito tempo que minha mãe quer aposentar, mas ao mesmo tempo não quer, e assim, para nós enquanto filhos é um orgulho muito grande. Ver que ela está com tanta saúde e não querendo parar de trabalhar nos enche assim de orgulho e de esperança de que ela vai ficar bem”.

A caçula, Flaviana Miranda da Silva de Sá fala de Nilda com amor e gratidão. Para ela, a chefe foi uma mãe. Ela conta que a presença e apoio dela fizeram toda a diferença na época em que ganhou bebê.

“Ela me acolheu em um momento que a mulher mais precisa que é a maternidade. Então quando eu cheguei eu tava com um bebê de 5 meses e desesperada por não ter onde deixar meu filho para trabalhar e ela sempre com aquela calma me acolhendo. Dava horário de mamar, o peito enchia e às vezes até saia leite e ela me pedia calma e me liberava”.

Na época os processos eram feitos de maneira manual, ou seja sem o uso de tecnologia. Uma das coisas que Flaviana ressalta na mãe adotiva é a compreensão.

“A Nilda além de ser uma excelente servidora, ela é acolhedora, humana. Ela entende o servidor como pessoa e isso nos dias atuais é difícil. Não é chefe, ela é uma líder e mãe. Isso marcou muito pra mim”.

Foi Iracy Mello que trouxe Nilda para Campo Grande. Ela era chefe da divisão de controle escolar. Na época era esse nome. O lugar no departamento foi herança que Iracy deixou para a amiga.
“Quando eu me aposentei trouxe ela no meu lugar e convidei, ela gostou muito, topou na hora. E ela é uma pessoa que é amiga da gente há muito tempo, mesmo em Três Agostas ela foi secretária acadêmica há muitos anos, ela é uma pessoa que eu confiava mesmo. Eu acho que ela vai sentir falta um pouco do trabalho, porque eu conheço a Nilda, ela até gosta muito de trabalhar, mas ela vai arrumar outras coisas pra passar o tempo, pra preencher o espaço dela”.
Quem não mede elogios para a técnica é Anderson Viçoso de Araújo, ex-diretor de planejamento e gestão. Ele esteve no cargo durante quatro anos e trabalhou diariamente com Nilda. Para ele ela foi uma professora de vida.
“Quando eu cheguei eu tive que aprender muita coisa, toda vez que muda de cargo tem muita coisa para aprender e ela me ensinou tudo. Ela tem uma vivência enorme dentro da universidade, conhece todas as pessoas, todos os processos, sabe onde resolver. Eu fiquei aprendendo com ela, toda hora tinha que perguntar. A gente perde muita coisa - porque tinha uma segurança muito grande de conversar com ela, que sabia de tudo - mas feliz por ela também. Uma trajetória muito bonita dentro da Universidade”.
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