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Professores de MS lotam avenida para pedir valorização da educação pública

Publicado em 23/04/2025 10:49

Milhares de professores e trabalhadores da educação de Mato Grosso do Sul lotaram a Avenida Afonso Pena, na região central de Campo Grande, na manhã desta quarta-feira (23), em ato por valorização da escola pública, realização de concursos e contra a precarização do ensino.

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A concentração começou às 9h, na Praça do Rádio Clube, e a manifestação seguiu em caminhada pela Rua 13 de Maio, com carro de som, faixas, camisetas temáticas e palavras de ordem que tomaram o centro da Capital. Segundo estimativa da GCM (Guarda Civil Metropolitana), cerca de 9 mil pessoas participaram do ato e ocuparam as ruas.

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O protesto integra a 26ª Semana Nacional de Promoção e Defesa da Educação Pública, organizada nacionalmente pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e realizada no Estado com coordenação da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de MS) e ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública).

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“É uma semana com várias agendas. Hoje à tarde, teremos audiência pública na Assembleia Legislativa para discutir o Plano Nacional de Educação, que precisa de revisão urgente para garantir qualidade e equidade”, destacou o presidente da ACP, Gilvano Bronzoni. “E hoje, aqui em Campo Grande, recebemos caravanas de várias cidades. Vamos às ruas para mostrar que a luta pela educação pública é coletiva”, completou.

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Entre as principais reivindicações estão o cumprimento do Piso Nacional do Magistério - ainda ignorado por muitos gestores, segundo os sindicatos -, a realização de concursos públicos em todas as esferas e o fim da terceirização da educação, apontada pelos manifestantes como uma ameaça à qualidade do ensino.

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“O recurso público é da população e deve ser investido por meio do serviço público. Terceirizar é concentrar na mão de poucos, com remuneração inferior, falta de estabilidade e condições precárias de trabalho”, pontuou Bronzoni. Segundo ele, a defesa da escola pública passa também pela valorização dos profissionais administrativos, da educação especial e da formação cidadã, “que não cabe em modelo gerido por interesses privados”.

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A vice-presidenta da Fetems, Deumeires Morais, lembrou que o problema da falta de concursos compromete o funcionamento da rede. “Temos um concurso vigente, mas não é suficiente. Hoje, 49% dos professores da rede estadual são temporários. Isso afeta a qualidade do ensino, gera rotatividade e fragiliza a carreira. Queremos concursos em todos os municípios que tenham vagas, para garantir estabilidade e dignidade”, disse.

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Manifestantes - Entre os manifestantes, o professor Leonardo Dias chamou atenção ao usar um nariz de palhaço durante o ato. A escolha do adereço, explicou, simboliza como os profissionais se sentem diante do descaso com a educação.

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“É uma forma de mostrar que estamos sendo tratados como palhaços. Não respeitam o piso nacional, o piso dos administrativos está parado no Congresso. Estamos sendo desvalorizados. O ano que vem é eleitoral, e precisamos votar em quem realmente representa a educação”, comenta Leonardo.

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O professor aposentado Roque Gonçalves, de 72 anos, também foi às ruas para reivindicar direitos. “Não tem outra maneira de resolver, se não for através do manifesto. A gente não está contente com muita coisa que está acontecendo.”

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Ele relata estar aposentado há 18 anos, após ter atuado por 37 anos em sala de aula. Nesse tempo, afirma ter notado a perda de direitos, como parte do plano salarial, especialmente no caso dos professores convocados.

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“A gente tem que continuar lutando por isso. E os convocados perderam muito mais. Eles perderam 34%. Acho que um dos motivos de ter pouca gente aqui hoje é isso: os convocados estão revoltados e não quiseram vir, porque foram os que mais perderam. Aí culpam o nosso sindicato, culpam a Fetems. Mas o que a gente lutou para ter foi o possível”, diz Roque.

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A paralisação também contou com a adesão de profissionais da educação de municípios do interior. De Amambaí, a 351 km da Capital, Gilney Chaves da Silva saiu às 4h da manhã para participar. Servidora da rede municipal há 11 anos, ela atua na recepção de uma escola pública e afirma que o movimento é necessário para exigir respeito.

“Queremos mais educação com educação, mais respeito. Falta estrutura, pessoal nas escolas, salário digno. Ultimamente somos tratados como máquinas. A educação está perdendo a essência, e isso reflete na forma como a sociedade trata os profissionais da escola”, afirmou Gilney.

Programação - De acordo com a Fetems, a mobilização da 26ª Semana Nacional continua com ações ao longo da semana. Na quinta-feira (24), estão previstas visitas de representantes sindicais às câmaras municipais para dialogar com vereadores sobre as pautas da educação.

Na sexta-feira (25), a agenda inclui uma campanha de doação de sangue, como gesto de cidadania. A programação se encerra na segunda-feira (29), com um debate entre estudantes sobre os desafios e o futuro da escola pública no Brasil.

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