
Governo quer levar internet a todas as unidades de saúde indígena até 2026
Publicado em 19/04/2025 14:29
O governo federal anunciou a meta de universalizar a conectividade em todas as unidades de saúde indígena do país até o fim de 2026. A iniciativa visa garantir internet de qualidade para os estabelecimentos públicos responsáveis pela atenção primária à saúde dos povos originários.
Segundo o secretário nacional de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, o objetivo é alcançar a totalidade das unidades até o final de 2025. “Nosso objetivo é chegar até o final do ano que vem com a universalização da conectividade em todas as unidades de saúde indígenas do nosso país”, afirmou em entrevista à Agência Brasil, na véspera do Dia dos Povos Indígenas, celebrado neste sábado (19).
A conectividade permitirá a ampliação do uso da telessaúde, possibilitando que indígenas tenham acesso a médicos especialistas sem precisar sair de suas aldeias. Atualmente, 19 dos 34 Dseis (Distritos Sanitários Especiais Indígenas) já oferecem o serviço de telessaúde com internet banda larga fornecida pelo Programa Conecta Brasil, do Ministério das Comunicações. A tecnologia permite a realização de exames de rotina e consultas com diversas especialidades médicas diretamente dos polos-base, beneficiando mais de 781 mil indígenas.
Os Dseis são unidades gestoras do SasiSUS (Subsistema de Atenção à Saúde Indígena) e organizam os serviços de saúde com base na distribuição geográfica das comunidades. As ações são realizadas por meio das UBSIs (Unidades Básicas de Saúde Indígenas), polos-base e Casais (Casas de Saúde Indígena).
Além de facilitar o atendimento à população indígena, a conectividade nas unidades de saúde também é vista como estratégia para melhorar as condições de trabalho dos profissionais, especialmente aqueles que precisam permanecer por longos períodos em territórios remotos. “Temos territórios de difícil acesso, onde o recrutamento não é um processo fácil, pois o profissional precisa praticamente ficar morando no território por um longo período, às vezes, por meses”, explicou Tapeba.
Até o momento, mais de 700 pontos de conectividade já foram implementados. O secretário destacou, no entanto, que a execução das políticas públicas exige maior aporte de recursos financeiros. Ele lembrou que, durante a transição entre os governos Bolsonaro e Lula, a proposta orçamentária previa um corte de 59% no orçamento da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), mas que a atual gestão conseguiu recompor e ampliar o valor em cerca de R$ 1 bilhão nos dois primeiros anos, elevando o total para aproximadamente R$ 3 bilhões.
Apesar do reforço orçamentário, o secretário reconhece que ainda há um passivo significativo, principalmente na área de saneamento básico. Segundo ele, cerca de 60% dos territórios indígenas ainda não têm acesso à água potável. "Há vazios assistenciais. Locais onde as ações de saúde são a única materialização da presença do Estado brasileiro", afirmou.
Tapeba ressaltou que a manutenção dos serviços exige continuidade no financiamento. Atualmente, o orçamento da saúde indígena sustenta cerca de 22 mil profissionais, além das unidades de atendimento, investimentos em saneamento e contratos logísticos dos Dseis. Ele estima que seriam necessários entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões para suprir todas as demandas e eliminar os vazios assistenciais, especialmente na região amazônica.
Dados da Sesai mostram que os atendimentos aos indígenas aumentaram significativamente nos últimos anos, passando de 9,18 milhões em 2018 para 17,31 milhões em 2023. Para atender à crescente demanda, a secretaria vem ampliando parcerias com universidades e instituições públicas por meio de termos de execução direta, acordos de cooperação técnica e outras formas de colaboração interinstitucional.