
Sexta Santa pede silêncio para lembrar que dia é mais que feriado, diz Dom Dimas
Publicado em 18/04/2025 10:28
A Sexta-Feira Santa é uma das datas mais importantes para católicos e cristãos em todo o mundo. Momento de penitência e silêncio. É o único dia do ano litúrgico em que não se celebra missa nas igrejas, em sinal de luto pelo que os católicos acreditam ter sofrido Jesus na cruz. Em entrevista ao , o arcebispo metropolitano de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, falou do período, conversa que todo ano ocorre para provocar reflexão, lembrando que a data vai além do feriado e molda o calendário cristão como conhecemos.
A Sexta-Feira Santa é uma data crucial para católicos, marcada pela ausência de missas em respeito ao sacrifício de Jesus. Dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande, destaca a Páscoa como o centro do calendário cristão, influenciando datas como o Carnaval e a Quaresma. O Tríduo Pascal começa com a Missa do Lava-Pés e culmina na Vigília Pascal, onde ocorrem batizados de adultos. A Páscoa simboliza alegria e ressurreição, precedida por 40 dias de Quaresma, um período de jejum e reflexão. No Brasil, a Campanha da Fraternidade aborda temas sociais, com 2024 focando na "Ecologia Integral".
É um convite da igreja ao silêncio interior, ao arrependimento, à introspecção. A tradição cristã entende que em vez de palavras, é dia de escutar com o coração, acompanhando Jesus em seu caminho ao Calvário. E Dom Dimas dá algumas dicas do que precisa ser analisado hoje. “A Páscoa é um tempo de alegria, vida, ressurreição. O foco das reflexões é muito mais isso, de viver uma vida de pessoas que foram libertadas, de pessoas que acreditam em um horizonte que vai além do simples horizonte nosso aqui”, pontua.
A preparação para a Páscoa ocorre durante os 40 dias da Quaresma, período marcado por missas e leituras bíblicas que remetem ao mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. Assim como no Natal, a celebração é antecedida por um tempo de preparação.
“São tempos de interiorização e preparação para uma grande festa. O Advento prepara para o Natal e a Quaresma, para a Páscoa. É um período marcado por jejum, penitência, caridade e oração. Mas a abstinência não precisa ser só de carne, nem o jejum apenas de comida. Eu costumo brincar com o povo: fazer jejum da língua, da raiva, da falta de paciência. Ou, de forma positiva, praticar gestos concretos de misericórdia”, comenta o arcebispo.
Ele cita ainda as obras de misericórdia temporais, como dar de comer a quem tem fome, visitar presos e cuidar dos doentes; e as espirituais, como ouvir quem precisa desabafar. “Muitas vezes, as pessoas só querem isso: se sentir acolhidas”, ressalta.

Assim como o Natal, a Páscoa também tem um "clima extra-religioso", segundo Dom Dimas. “Isso contribui muito para que as pessoas, inclusive, voltem à fé por outros caminhos.”
Campanha da Fraternidade - No Brasil, há mais de 60 anos existe a Campanha da Fraternidade, uma iniciativa exclusiva do país. A cada ano é escolhido um tema, muitas vezes com relevância social, mas também de importância eclesial. Em 2024, o tema é “Ecologia Integral”, com ações realizadas em todo o país.
“A Campanha da Fraternidade está presente desde os condomínios até as populações ribeirinhas do Amazonas. É uma forma concreta de levar reflexão às pessoas. O foco é sempre os católicos, mas a campanha está nas universidades, nas câmaras municipais, nas assembleias legislativas, por conta da relevância dos temas. Falar de saúde pública, biomas, ecologia ou superação da violência não é coisa só de católico, é questão de cidadania”, afirma Dom Dimas.
Com o foco na ecologia, o arcebispo comenta que serão realizadas ações de plantio de árvores, conforme orientação da Prefeitura. A Igreja, inclusive, tem obrigações ligadas a PRADAs (Planos de Recuperação de Área Degradada).
Dom Dimas lembra ainda de campanhas anteriores, como a que tratou da violência. Na ocasião, foram criados 11 grupos temáticos que abordaram diversos tipos de violência, como contra mulheres, idosos, crianças, e resultaram em ações concretas. A partir disso, a Arquidiocese criou grupos de escuta em várias paróquias e um curso de prevenção ao suicídio, que ganhou destaque nacional.

“Agora, terminando a Campanha da Fraternidade nós vamos nos reunir para poder ver de que maneira concretamente a questão ecológica pode estar presente nas nossas ações, além dos PRADAs que nós temos que realizar, uma proposta que já surgiu é inserir o tema da ecologia no programa de teologia da UCDB, de modo que você vai formando os alunos, e particularmente os futuros padres, com uma consciência ecológica”, conclui o arcebispo.
Dias santos - As datas do ano litúrgico são definidas a partir da Páscoa, que, na Terra Santa, é celebrada na primeira lua cheia. No caso dos judeus, trata-se de uma data móvel, enquanto para os católicos a celebração ocorre no domingo seguinte à primeira lua cheia.
“Marca-se a data da Páscoa, calcula-se a Semana Santa e mais os 40 dias da Quaresma, e então se chega ao Carnaval. A Páscoa, para nós, é o centro, porque é a comemoração do sacrifício de Cristo: paixão, morte e ressurreição”, explica o arcebispo.
Estamos em pleno Tríduo Pascal, período de três dias, que começa na Quinta-feira Santa, com lava-pés que reproduz ato que antecedeu a morte de Cristo, e se estende até o Domingo de Páscoa.
Neste ano, que a Campanha da Fraternidade fala de Ecologia Integral, as comunidades indígenas são centro das celebrações. O arcebispo presidiu a celebração de quinta-feira (17), por exemplo, na Aldeia Urbana Água Funda, em Campo Grande. Já nesta sexta-feira (18), participa das atividades religiosas na área rural de Corguinho, no distrito de Taboco.
A Sexta-Feira Santa é marcada pela cerimônia da Paixão de Cristo, geralmente realizada às 15h. A celebração ocorrerá em diversas igrejas da Capital. Nesse momento, os fiéis leem de forma detalhada a Paixão segundo São João e realizam orações de meditação sobre o tema.
No sábado (19), é celebrada a Vigília Pascal, considerada por Dom Dimas como a principal de todas. “É uma missa longa, normalmente com cerca de três horas de duração, várias leituras e, nela, costumam ser realizados os batizados de adultos. A partir daí, inicia-se o Tempo Pascal”, explica.