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Ibama apura se crime ambiental levou a mordidas de peixes em Bonito

Publicado em 16/04/2025 17:09

Nesta quarta-feira (16), técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizaram uma nova ação de fiscalização na Praia da Figueira, em Bonito (MS), após a ocorrência de mordidas de peixes em banhistas no lago artificial do atrativo turístico.

Ibama investiga possível crime ambiental em Bonito (MS) após peixes morderem banhistas na Praia da Figueira. Técnicos coletaram amostras para identificar espécies e condições ambientais. A suspeita é de introdução irregular de peixes exóticos, como tambaqui e tambacu, que podem competir com espécies locais e causar acidentes. O atrativo não tem licença de aquicultura, e se confirmada a irregularidade, responsáveis podem ser autuados. A fiscalização ocorre após 14 casos de mordidas, levando à interdição parcial do local. O laudo técnico deve sair em semanas, com monitoramento contínuo do Ibama.

Durante a vistoria, a equipe do Ibama se concentrou na captura de peixes para coleta de amostras, que serão enviadas a laboratórios especializados. O objetivo é identificar as espécies presentes na lagoa e analisar as condições ambientais do local. O laudo técnico vai ajudar a entender o motivo dos ataques e apontar se há presença de espécies exóticas, o que pode configurar crime ambiental.

A analista ambiental Fabiane Souza, que acompanha a operação, explicou que a investigação quer esclarecer de onde vieram os peixes e se houve introdução irregular de animais no ecossistema local. "A presença de espécies que não são nativas pode trazer prejuízos à biodiversidade, competir por alimento com peixes locais e causar acidentes, como os que estão sendo registrados", afirmou.

As primeiras análises indicam que os ataques podem ter sido causados por peixes de dentição forte, como o tambaqui, nativo da bacia Amazônica, ou o tambacu, híbrido de tambaqui com pacu. Ambos são considerados exóticos na bacia do Paraguai, onde está localizado o município de Bonito.

De acordo com o Ibama, esse tipo de peixe não pode ser criado em sistemas com ligação a corpos d’água naturais e o atrativo não possui licença de aquicultura. Se for confirmada a introdução irregular de espécies, os responsáveis poderão ser autuados e o caso poderá ser encaminhado ao Ministério Público, que pode abrir ação civil pública.

A operação desta quarta-feira faz parte de uma série de fiscalizações iniciadas após 14 casos de mordidas registrados entre janeiro e março deste ano. Os peixes atacaram banhistas nas áreas de recreação da lagoa, o que levou o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) a interditar o local em março. No início de abril, o uso parcial da lagoa foi liberado com a instalação de grades de contenção para evitar a presença de peixes maiores nas áreas de banho.

O laudo técnico do Ibama deve ser concluído nas próximas semanas. Enquanto isso, o órgão mantém o monitoramento do atrativo e orienta os turistas a seguirem as recomendações de segurança no local.

Em nota o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) afirmou que foi instaurada uma Notícia de Fato sobre o caso na 2ª Promotoria de Justiça de Bonito.

"A apuração teve início com o recebimento de documentos e informações de que foram identificados diversos acidentes, causados principalmente por peixes criados em lagoa artificial no atrativo Praia da Figueira. Os acidentes causaram em algumas pessoas lesão e/ou amputação de membro".

De acordo com o documento, a Promotoria de Justiça oficiou o Hospital Municipal de Bonito e o Corpo de Bombeiros, a fim de identificar os acidentes que têm ocorrido em atrativos turísticos do Município de Bonito.

"E em vista da possibilidade de existirem peixes exóticos ou de bacias diversas, nos atrativos turísticos, foi encaminhado ofício ao IBAMA para conhecimento e adoção de providências cabíveis. Também foi oficiado o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul. As respostas dos órgãos ambientais estão sendo aguardadas. As investigações continuam, e as respostas dos órgãos ambientais estão sendo aguardadas para determinar as providências cabíveis".

***Matéria alterada às 17h56 para acréscimo de informação.

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